Acordo 7h (tento acordar 7h), tomo café às vezes na rua correndo às vezes em casa.
No biarticulado a baldeação no Estação.
Entubados (não no hospital, no tubo do ônibus) “tem espaço lá na frente!” (diz um)
“mas as pessoas não sabem que tem que deixar primeiro sair pra depois entrar!?” (penso eu e quase alguns).
Desço, ando e corro a Sete de Setembro, entro no prédio todo preto dos palhaçxs coloridos, no escritório e na sala camarim.
Lá estamos nós, cansados ou não, pra mais um dia de hospital.
Um faz o café,
outra pega a água da maquiagem,
uma chega esbaforida,
outro conta uma piada,
outra fala das últimas da política,
um discorda, outro nem fala nada,
outro tira a música no ukulele e,
assim,
de causo em causo, do café à maquiagem, vão aparecendo os palhaçxs… quando se viu está.
Está na hora, chama o táxi, pega o carro, nossa roda de olho no olho, concentração, beijo.
No caminho um universo:
trânsito,
tchaus,
conversas de sinal vermelho…
Chegamos! Coloca o estar, vamos entrar e tchum… hospital!
Tudo já está acontecendo desde tanto, onde começa o trabalho mesmo?
Na volta algumas histórias interessantes, um dia legal, um dia mais ou menos, uma observação.
De novo as nossas roupas de pessoas não palhaçx (será?), com as marcas do elástico do nariz no rosto, saímos na Sete de Setembro, estamos de novo invisíveis ou quase… de repente um olhar, um gesto, um jeito de mover, uma coisa engraçada, um cuidado, esqueço estar sem nariz… onde e quando deixo de ser palhaça?
Autora: Larissa Lima / Siriema