Acordo cedo só pra ficar um tempo a mais olhando pro forro. Sonho a tarde. Manhã de chimarrão, parte do ritual para as visitas no hospital. Quando dá tempo, demoro muito no café da manhã. Quando não dá, engulo quatro bananas.
Ouço músicas, essa parte da preparação que é herança da quarentena. A favorita para esse momento é a versão da Nara Leão de O Circo. Recomendo. Aos poucos a preguiça transforma-se em ansiedade. Da rede, olho para a bicicleta que vai me ajudar a vencer os 7,9 km (com 82 m de subidas e 120 m de descidas). Penso na volta, em chegar suado, em chegar aquecido, em não atrasar, em almoçar leve.
Pego a Via Cruzis Vermelhis. Vou para a outra quadra maquiar e, de “oi” em “oi”, o Bonito vai dando o ar da graça. Dentro, o desejo de que aquela ansiedade transforme-se em prontidão. Fora, o espaço fica menor, mais íntimo. Ocupo mais espaço. Mais corpo pós pele. Um corpo no mistério do entre. Entregue.
Diogo Bonito