Oi! Digo de antemão que não posso me identificar. Estou sendo ouvida. Por isso escrevo… À mão. Porque também sou lida. E vista. Tá, mas agora eu consegui um local sem sinal pra escrever, eu acho… Bem, não tenho muito tempo, então vou logo ao assunto. Tudo começou quando era adolescente e o vi, de longe, pela primeira vez. Apenas alguns privilegiados o conheciam de perto. Chegou causando rebuliço mesmo discreto. Só ficamos próximos depois de um bom tempo. No começo, comecinho mesmo, suas funções em minha vida eram simples: ligar, despertar e calcular. Só sucesso! A complicação real veio de uns anos pra cá. Desde que ele passou da categoria do simplão celular para smartphone (e desde que preciso dele pra ser notada), não consigo dar um passo sem que ele esteja por perto. Em tudo que faço ele está! Com ele me acho, como, aprendo, compro, converso, consigo, vigio… Sou eu lá dentro!!! Neste segundo, que consegui tirá-lo de vista (ou talvez eu que tenha saído da vista dele), escrevo esta carta para fazer um apelo seríssimo à comunidade científica. Ouçam: estou infectada de smartphone! E ele está infectando todo mundo! Virou uma pandemia! Ele tomou meu cérebro! Mexam-se cientistas, ouçam meu apelo! Inventem a vacina! Aiiiii! Uma voz falou do nada, perguntando se estou bem. Saiu de dentro dele. Socorro! Descobri! O smartphone virou uma célula… Humana!
Socorro!
Socor…
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