*[uma homenagem comentada de Lourdes à Siriema]
Debaixo de sol forte
Na árvore à frente do hospital
Acharam que tinham sorte
Mas no fim se deram mal*
*[e fazia mais de trinta grau]
Proseavam sobre terra
Bicho e tanques de peixinho
(Coitados, também vão pra guerra?)
Quando avistaram um passarinho*
*[era uma pomba mas não consegui rimar]
Enquanto suas asas batia
E chegava mais! mais! mais perto!
Seu vôo rasante os iludia
Supuseram que algo era certo*
*[talvez acreditaram no que leram no ZapZap]
Ergueram cada qual seu indicador
Sinalizando para a pombinha
”Pouso amigável, vem, meu amor”
E ela devagarando vinha*
[aqui tomei liberdades artístico-poéticas com nosso idioma]*
**[me considero ousado]
A pomba, em sua bolha social
Com tais dedos à disposição
Ignorou o pouso manual
Sobrevoou-lhes sem expressão*
*[quiçá as pombas tenham expressão,
nós que, tão antropocêntricas, as julgamos sem]
Palhaço e palhaça se olharam
Dando risada do que era triste
Não aconteceu o que esperaram
Mas seguiram com o dedo em riste*
*[a esperança é a última que morre,
seguimos com nossos dedos apontados ao céu até agora,
pombas interessadas: favor entrar em contato]
poeminha-carta by Lourdes para Siriema em abril de 2018