Encontramos um homem que ensinava desparafusar cabeças. Ele começa fazendo perguntas, tipo: um mais um é dois, dois mais dois é quatro, quatro mais quatro é oito, oito menos quatro é quatro, quatro menos dois é dois, metade de dois mais dois é?
…
Um parafuso a menos. Ele testa inteligências, foi tirando cada parafuso com uma pergunta confusa. Quando o pescoço ficou soltinho – não o meu, desconfianças a parte, alguém tinha que manter a cabeça no lugar – ele orientou que a Fúcsia colocasse a cabeça debaixo do braço e chupasse uma bala. Claro! O que mais faz uma cabeça desparafusada! A resposta é três.
Dessa rebimboca da parafuseta, de conversa sem pé nem cabeça, o homem faz cair o último parafuso, o meu: “E a vida, o que é?”
…
Pois é… O que é? O que é?
…
Olho pra Fúcsia. Fúcsia me olha.
“E a vida
E a vida o que é
Diga lá meu irmão”
Ah não, que clichê! Quando é que vou deixar de ser brega? (Já com vontade de chorar)
“Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão EÔ
E a vida, ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita”
E fomos embora com Gonzaguinha.
Seguimos!
Palhaça Siriema / Larissa Lima