Tem momentos em que, conversando com alguém, eu me pego pensando no que responder ou no rumo que eu queria que a conversa seguisse. E quando isso acontece, a conversa vira uma porcaria. Eu não presto atenção no que o outro diz, tento falar só sobre o que quero e corto o assunto do outro o tempo todo.
No hospital, se eu não escuto meu colega, é a mesma coisa. Ou eu escuto o que ele propõe, aceito seu jogo e presto atenção nos sinais que me dá, ou o jogo fica uma confusão de proposta sobre proposta.
Pode ser que eu não goste da ideia, mas quando eu me relaciono com alguém tenho que estar disposto (de verdade, não só na teoria) a pegar o que ele me oferece e oferecer algo em troca, sem julgar se uma coisa é melhor que a outra, e ajudar a transformar em algo cada vez mais divertido para os dois. E é ajudar a transformar mesmo, porque não é só minha nem só dele a responsabilidade de criar algo novo, mas uma atividade coletiva que depende do quanto estamos verdadeiramente nos relacionando um com o outro.
E pra se relacionar verdadeiramente, preciso abrir meus canais de escuta (literais, figurativos, metafóricos, todos eles) e parar de pensar no que eu quero propor ou em como eu quero que o jogo termine.
PS: Pra quem acompanha o que eu escrevo no blog da Trupe, pode parecer que estou publicando fragmentos de um livro de autoajuda, mas não estou. Acontece sem querer, isso de ficar dando conselhos, acho que eu tenho assistido Encontro com Fátima demais. Mas caso alguma editora esteja interessada, ta aí meu contato. Também escrevo haikai, recado telefônico e música sertaneja.
Dr. Lourdes