COLORIDO – SORRISO – SERIEDADE – REALIDADE – BRINCADEIRA – DOR – GARGALHADA – DESABAFO – ABRAÇO – CONFIANÇA – MEDO – BRANCO – CHEIRO – EXPECTATIVA – NARIZ – VERMELHO – SENSAÇÃO – SATISFAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DÚVIDA – GRAÇA – NOVIDADE – SURPREENDER-SE – JOGO – SEDE – PERMISSÃO – INVASÃO – CANSAÇO – OLHAR – CONFORTA – AQUECE – SENTIR – SEMPRE? – PESO – PÉS – SAPATOS – SAUDADE – IDENTIFICAÇÃO – BRILHO – VONTADE – SOM – MUSICALIDADE – ESPERA – ENCONTRO – IMAGINAÇÃO – CHORO – RESPONSABILIDADE – CURA? – AJUDA – MÃOS – IMUNIDADE – RESTRIÇÃO – ARRISCAR-SE – ACEITAR – REAGIR – COLORIR.
Na tentativa de me inspirar para falar sobre o trabalho no hospital, meus pensamentos se resumiram no turbilhão de palavras acima. Não pensei que seria tão difícil organizar o que penso sobre um trabalho que venho fazendo já há um ano. Acho que isso acontece porque esse não é um trabalho qualquer, que segue uma rotina comum, aliás, qualquer tentativa de se estabelecer uma rotina nos confunde ainda mais. A complexidade do palhaço está aí, na procura pelo incerto, pelo novo, pelo risco. Somos mutáveis o tempo todo, cada momento é único e complexo. Todas essas palavras podem juntas representar um único instante entre todas as horas que passamos no hospital.
Mas temos a necessidade de “rotinar” nossas ações, queremos organizá-las, entende-las, controlá-las… e conseguimos… por um instante, depois tudo muda de novo e nossa compreensão se embaralha novamente. O mais engraçado de tudo é que essa confusão constante é nossa essência, o palhaço é um ser essencialmente embaralhado. Será então que não podemos apenas aceitar esse “embaralhamento” e só curtir e se deixar levar por cada instante? Ou essa tentativa frustrada de entender o não entendível também faz parte da nossa essência?
Não sei. Só sei que, quando eu passo pelo hospital, me vejo colorindo aquele branco todo. Na verdade, da sua maneira, aquele branco todo me colori também. E esse pensamento já é o suficiente pra começar mais uma semana de trabalho.
Dra. Bisnaga