Faça-se a luz. Hoje é só apertar um botão, mas nem sempre foi assim…
(Já parou pra pensar que a ideia de acender uma lâmpada foi tão boa que até hoje o acender de uma lâmpada é o símbolo de ter uma boa ideia?)
Hoje temos luzes dentro de quadros. Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo, quem sabe há dez… não, não: vinte… não! Cem mil anos atrás! Houve um tempo, há exatos cem mil anos atrás, em que não havia luzes em quadros, tampouco botões. Nessa época, eletricidade era só desnível de rio que corre ao mar sem nunca gerar desenvolvimento! Quando o combustível fóssil ainda brincava de lego!
Pois bem: há cem mil anos atrás a vida era outra. Se por um lado nesse tempo não haviam luzes dentro de quadros para admirar e interagir, achar vaga pra estacionar na rua era uma moleza e o preço do metro quadrado no centro mais em conta. “O Nascimento do Sol” era um livro que virava uma página por dia.
Naquele tempo não havia nariz de palhaço de látex em caixa de acrílico. A maquiagem era a argila do rio (não é engraçado, mas a Catharine Hill). O que já havia naquele tempo eram as máquinas simples, fundamentais para a humanidade. Vários seres, inclusive aqueles com polegar opositor, córtex pré-frontal super desenvolvido e que pintam paredes de verde, já estavam familiarizados com as máquinas simples. A saber: alavanca, rosca, roda, eixo, geladeira e lava-roupas.
Um mundo sem desktop, em que a rosca reinava como a mais interessante das máquinas simples. Curvas no espaço tridimensional. Observáveis no DNA e na videira, quer dizer, no DNA não são exatamente observáveis, você entendeu. Possibilitam encaixar com perfeição, unir o que está separado, aliviar e gerar tensões. Hoje sua forma mais famosa, o parafuso, nos ajuda a lembrar da origem da bagunça: se desparafusar dá muito trabalho é melhor nem parafusar…
Palhaço Bonito,
inspirado por Pelúcia
em sua luz e bagunça.