venho e vou pensando no momento antes de qualquer reação (é possível?)
o momento que a visão corpo não julgou ainda não definiu não padronizou não reconheceu
chamemos isso, por enquanto, até aparecer outro nome, de brotamento
o quanto de demora há ali
quando se abre uma porta /qualquer tipo de porta/ o ar entra passa sai volta
e nessa porta que a gente entrou nesse dia estávamos a uma certa distância do menino
cada passo medido para que se chegue na medida do olhar
dele e do nosso
no tempo
do seu consentimento constrói-se o caminho
nada precisa acontecer
mas acontece sempre acontece alguma coisa
coisa coisa coisinhas dessa nossa vida juntos
penso em como esse momento antes de tudo
o brotamento, volta a acontecer durante
o começar de novo
– como diz a sofia
e as sensações aparecem uma a uma ou todas juntas
quando dói quando alivia quando alegra quando acontece alguma coisa
sem espera mas com demora
abrir espaço para abrir espaço mesmo no lugar mais pequeni/ninho
mesmo às vezes a gente achando que nem cabe dentro de nós
entretanto brota algo
dentro de mim, agora, a iva lourença que tem tantos nomes e gentes dentro
tenta limpar amassar colocar minhocas adubar e ao mesmo tempo respeitar tudo que já cresceu e que já passou por essa terra
à espera de novos brotamentos
Autora: Má Ribeiro / Iva Lourença