Vivemos o tempo todo sem pensar na morte, negamos a existência dela, a finitude da vida e de todos os processos que nos movem da segurança.
Encarar a possibilidade de sair da mesma forma, dos processos internos de segurança nos traz a possibilidade de estar vivos, atuantes. Todo momento estamos morrendo e nascendo, formando e desformando, e muitas vezes isto acontece simultaneamente em vários aspectos da vida. A crise de não saber sobre algo que está por vir traz uma profunda falta de referência, medo, insegurança. Falta repertório e temos dificuldade em não saber, mas quando aprendemos a curtir esta fase de desconstrução aumentamos a possibilidade de estar presentes, ganhamos repertório emocional e corporal, para lidar com as pequena e grandes mortes da vida.
Viver o morrer, viver o entre, viver o meio, viver o nada, nos possibilita estar inteiros, vivos, presentes.
A Psicologia Formativa retrata que passamos por três fases de amadurecimento o tempo todo em nossa existência:
Ending, Middle Ground, Forming.
Ending: o momento em que o conhecido, o estável, a rotina nos traz desconforto, onde aspectos que faziam sentido num momento já não fazem mais sentido algum. Porém não sabemos exatamente o que queremos, o que faz sentido agora. Desconstruímos, e estamos no limbo, como se caminhando num trilho escuro sem saber, sem referência, no vazio.
Exige coragem para fazer esta travessia, estamos na fase do Middle ground. Conseguir morrer e viver o entre, o meio, entre aquilo que conheço com aquilo que não conheço. Aguente e viva sem ter que rapidamente voltar ao conhecido ou preencher com algo para não ter que lidar com o vazio de não saber.
Nesta vivência do meio, devagar surgirão novas possibilidades e renascendo uma nova forma, ou novas formas, eis que chegamos ao Forming, momento de estabilizar, renascer e reviver novamente outro momento.
Viver o morrer é a grande possibilidade de estar vivo.
Psicóloga
Evelyse Iwai dos Reis Teluski