Numa tarde tanta coisa
uma cabeça cheia
um camarim cheio
de trecos
restos
faltas
sobras
sombras
de gente
colegas
amigos
amores
alguma dores
presentes
passadas
maquiagens
figurinos
sapato velho
carismático
espelho
e quase pronto
o chapéu
protetor de cabeça
o nariz
pra proteger da cabeça
respiro
vazados alguns minutos
uma roda
um canto ansioso
histérico
companheiro
uma busca
olhares
e vamo que vamo
escada
calçada
carros
gente
e bicicleta
cachorro colado no vidro
onde pássaros aguardam guardados em gaiolas
não olho, mas vejo
também
nas árvores
e ar
outros tantos voam e cantam
nos cantos
ruas e pensamentos a se atravessar
chegada
olhares
hesitação
um pátio
de vezes diversão
e uma versão de mim por lá
percebe si
sem dó
dá ré
vem e vai
vai e vem
ondula
com sol
e chuva
pendula
faz arco-íris
bolinha de sabão
e segue
conduzindo
numa firmeza móvel
encontros acontecem
e tecem
caminhos
dando acesso a lugares
por entradas clandestinas
legítimas
olhos nos olhos
janelas
portas
corredores
corridas
andares
e térreos
de mãos estendidas
alguém convida falando alto
me abaixo
janelas de novo
no espelho das pupilas da criança vejo o palhaço
uma figura um ser
que se confunde com profissão
são mais
de um
que menos
é mais
são loucos que nos regem
São Louco
esclarece no que são
e como somos!
cromossomos
cores de nosso ser
transparente
o corpo mexe
e sai um som
conversas sem palavras
de igual pra igual
com algum retardo mental
em desenvolvimento emocional
em_tão é tudo
sem excesso
meu ser pequeno
meu menino
o mais sábio
se faz grande dentro de mim
sinto forte
meu peito por dentro
é coração
que se horas aperta
em outras abraça e acaricia
aqui
ali tá tão bom
e parece que vai ser sempre assim
ah sim!
mas se não é sempre
sempre aparece de novo
aí a esperança
a saudade
encontro
do que sempre será
será?
ser é
serei?
se errei?
sei
sério?
ser rei?
seremos
de outro mundo
bobo
coringa
se é
ser
sujando a canastra
soul
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Autor: Hique Veiga/Ipsis Literis