Um olhar… muitos olhares! Tudo começa com uma troca de olhar, um momento compartilhado. Depois, esse mesmo olhar transforma o ambiente, ressignifica as situações e a vida ganha novos ares, novos olhares.
Ao abrir os olhos vemos o mundo em sua totalidade. Mas os olhos do coração são diferentes. Abrindo-os, podemos sentir a vibração das relações. Quando entramos pelas portas dos quartos dos hospitais, abrimos os olhos para um mundo de sensações onde a emoção é o nosso maestro e a alegria está presente no ato mais simples, mais verdadeiro, mais singelo: um olhar, um simples olhar – que chora, que sorri, que chama, que convida, que dá permissão. Um olhar que vê, que sente, flutua, acaricia, protege, olhos que se apaixonam todos os dias pelo mundo.
São expressões tão únicas e claras, que podemos vislumbrar o querem dizer. O que sinto é muita beleza e poesia nesse mundo, mesmo onde aparentemente há somente dor e sofrimento, onde muitas vezes predomina a expressão séria, preocupada, mesmo onde o lamento e o choro têm mais espaço que a alegria. Eu vejo as pessoas brincarem, livres, felizes, com aquilo que há no momento, e sempre inventando novas formas de sonhar.
Com essas relações eu aprendo, me modifico, cresço. Aprendo com a garra e a coragem deles: pacientes, familiares e funcionários. São, acima de tudo, pessoas. Modifico por compartilhar um momento verdadeiro e único, e cresço pois esta relação me faz refletir, me faz melhorar o olhar. Um olhar melhora o outro, porque apesar de tudo sorriem – e é isso que nunca vou deixar de fazer.
Edran Mariano Dr. Zê, o mais renomado médico besteirologista da Trupe, está fazendo seu pós-doutorado sobre oftalmologia. A tese será sobre como instigar o olhar a enxergar o que ninguém mais vê.