Mato deixado à própria sorte. A terra cuidou de fazer crescer. Uma porção de coisa junta, mato planejado com mato espontâneo. Emaranhado? Não, comunidade! A lavanda é a moradora mais antiga, entra uma e sai outra, tá lá. Reclamou da roseira que espichou demais e passou de todos os limites! Já desacreditado e promovido à categoria de arvorezinha ornamental, o limoeiro mostrou a que veio. Mil limõezinhos que custam amadurecer, os pivete. Já a ora-pro-nóbis murchou todinha e foi-se embora. Logo ela, a super-resiliente cansou. A tal da arruda gosta de ficar quietona lá no canto dela, se não se zanga e morre de ruim. Pau pra toda hora é o tomatinho, em todo lugar tem um lá pra dar uma força. A abóbora é mãe e proprietária do terreno. Quer todo mundo debaixo da asa, mas tem sempre um filho teimoso que escapa pro lado de fora da grade. Se abóbora é mãe, samambaia é vó. As couves (coitadas!) tão no hospital. Pegaram cochonilha. Motivo de rebuliço entre as frescas alfaces, que moram na região nobre e pra elas não tem esse negócio rodízio de água. A jibóia, capricorniana que é, todo dia trabalha um pouquinho. Sua empresa já cresceu muito em número de funcionárias. E o rubim? Falaram que é um mato que é ouro, mas quase ninguém sabe. E lá no meio, brotando e buscando um solzinho, nasceu um pé de palhaça.
Palhaça Siriema