Um dia não conseguimos nem sustentar a cabeça sobre o pescoço e logo, muito logo, já estamos reclamando de acordar cedo para ir para a escola, mas em instantes, muito em instantes, já estamos prontos para brincar de pega-pega com o pessoal da turma.
As coisas mudam… Sempre mudam!
Num momento entregamos nossa primeira cartinha de amor escrita em papel de carta de bichinhos e sob muita vergonha para nosso primeiro amorzinho, mas brevemente, muito brevemente, estamos chorando por um relacionamento abusivo que nos consumiu anos sem a coragem de terminar e quase imediatamente, quase que muito imediatamente, estamos comemorando juntos a uma pessoa incrível o nascimento da nossa terceira filha.
As coisas mudam… Sempre mudam!
Em uma primavera aprendemos a comer sardinha enlatada com farinha como se fosse um banquete e, antes de perceber, muito antes de perceber, estamos comendo peixe cru em restaurante japonês toda semana, mas logo, muito logo, voltamos a comer sardinha enlatada e entendemos o motivo.
As coisas mudam… Sempre mudam!
Num entardecer somos os jogadores titulares do time da escolinha de futebol, rapidamente, muito rapidamente, o vigor já não é o mesmo e optamos por esportes mais “leves”: bocha ou dominó pode ser e num piscar de olhos, e só isso mesmo, num piscar de olhos, acordamos num hospital de idosos sem entender o que nos aconteceu.
As coisas mudam… Sempre mudam!
Mas tem coisas que não mudam… E é sempre assim: Em um dia nascemos, vamos pra escola e brincamos, em outro momento nos apaixonamos, crescemos, resistimos às primaveras e num entardecer nos vamos.
Abelardo Biloba
Foto: Mateus Tropo