Enquanto a vacina não vem
Antes, um destino certo com fugas para um cafezinho, um tempo mais esticado com aquela enfermeira que massageia as mãos, uma ida de improviso a um quarto fora da rota. Na época em que caminhar fazia parte do trabalho, minha presença multicor passeava pelos corredores. Hoje, somos presenças virtuais em busca de um encontro intermediado. O caminhar é outro e aquele momento tão decisivo de entrada nos quartos, o “entre” aberto a todas as possibilidades, também. Meu corpo “IPAD”, de conexão instável, tem destino certo nas mãos da voluntária.
Aliás, temos sorte! Nossa mais nova colega de ofício é um tanto palhaça, digo no sentido de grandiosidade de espírito, na capacidade de ser sensível ao encontro. Ela, que também é voluntária no hospital Cruz Vermelha, hoje é nossa anja tutora e nosso corpo presente, testemunha ocular dos altos e baixos das aventuras de uma dupla de palhaces.
Quando a vacina chegar e pudermos voltar a caminhar por estes corredores e abrir as portas dos universos de cada quarto, podemos marcar um encontro para nos conhecer pessoalmente, tipo casais que finalmente se encontram após longa interação pela internet. Falaremos das quedas na rede, dos encontros engraçados, das estranhezas na comunicação com alguns pacientes. Poderíamos finalmente te dar um abraço e agradecer pelo cuidado e gentileza com o nosso trabalho. Enquanto isso não acontece, já adianto aqui:
Agradecida, Giulia!