Estava passeando por uns sebos, quando me deparei com um volume de uma curiosa enciclopédia: Enciclopédia do Charadista, segundo volume. Na capa ainda dizia: Breviário do Charadista ou Dicionário para o Charadista Colaborador. Me pareceu por si só uma charada. Da madrasta só o nome basta. Abri e dei uma folheada, e nas primeiras páginas me deparo com uma lista de provérbios. Não há árvore sem sombra. Fantástico, pensei. “o autor chama de charada os provérbios”. Agora terei um livro de 250 páginas de provérbios para usar no hospital quando precisar. E sempre é tempo de usar um provérbio. Um bom provérbio pode te salvar uma vida. Enfim, comprei por cinco reais. Mais vale um livro de provérbio na mão do que no sebo poeirento. Depois chegando em casa, descubro que só as cinco primeiras páginas são de provérbios. Cálculo de pobre é azar. As demais páginas são um compendio maluco de abreviações e siglas que podem ser usados, por exemplo, na confecção de palavras cruzadas; ou ainda, listas e mais listas de palavras separadas por assuntos, por exemplo, tem uma lista de palavras para soldados, militares e autoridades, outra lista de rochas, uma de vocábulos bíblicos e assim por diante. A primeira pancada é a que mata a cobra. Fiquei um pouco frustrado, mas ainda vou achar utilidade para essas listas. A agulha puxa a linha e a linha puxa a agulha. Mesmo os provérbios não serem tantos quanto imaginei, são alguns e de bom uso. Em terra onde não tem galinha, urubu é frango e é mais fácil meter a faca no boi que a unha na pulga.
Palhaço Pelúcia / Bruno Mancuso