Querida palhaça,
À medida que faziam mais espuma com as mãos, o coração ficava mais cheio. De quê, ele ainda não sabe. Não é qualquer dia que alguém tem tanto prazer e competência pra explicar, passo a passo, tais procedimentos, que podiam ser tão técnicos e frios. E acabou que lavar a mão foi tão marcante que o Lourdes, entre um assunto banal e outro (Lourdes, se você vir isso, não me leve a mal, mas cansei de ficar elogiando sua roupa), me contou que esse foi um dos dias favoritos dele, e que no final ele só podia pensar em quanto a amiga dele já era especialista nisso de dar carinho.
Por essas e outras que eu vim agradecer por cuidar do nosso amigo Lourdes. Ele é um pouco paranóico, meio ansioso e muito perdido, e é bom ter gente como você, que mesmo sendo também um pouco paranóica, meio ansiosa e muito perdida, consegue transformar alguns minutinhos em uma história dessas que se conta assim, de coração cheio.
Obrigado, Seriguela.
Assinado: Bruno Lops